(Por Gopal)
Me designaram a Manuel porque o conheço desde quando ele era
muito pequeno. Deixei de vê-lo quando ainda era um menino e o reencontrei agora
que se converteu em um homem. Melhor
dizendo, em outro homem. Manuelito se converteu em seu próprio pai.
Misteriosos humanos, tendem a se converter em tudo aquilo
que odeiam em seus pais: “como duas gotas de água”, “louca como sua mãe”...
todas as metáforas para descrever a tendência humana a identificar-se com seus
progenitores. Geralmente com o pior
daqueles.
De maneira inconsciente repetem padrões, ainda que não o
vejam, ainda que não queiram.
As vezes chegam a ser tão idênticos com seus pais
que é como se vivessem a vida dos outros.
Como se fossem réplicas vivendo uma vida dos outros. Por temor a não chegar tão longe como
o pai. Ou por temor a não chegar a nenhum lado, como o pai. O quem sabe por
temor a não agradar a mãe. Ou inclusive para tirar a mãe de cima.
Identificados com seus pais terminam vivendo a vida de
outros. Os desejos dos outros. Como podem encontrar uma identidade própria, se
eles acreditam ser isso que viram toda sua vida? Como podem quebrar esse
espelho que os faz idênticos em lugar únicos?
Como ajudar o Manuel para que possa viver sua vida e não que
sua vida seja vivida por outro em seu lugar?
Esse é meu desafio. Como podem os humanos ser donos de sua
própria vida?

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