(Por Ámbar)
Ninguém do meu mundo queria vir pra terra. Eu não entendia
por que. Era a oportunidade de ser alta, de conhecer aos humanos, de ajudar.
Agora entendo porque ninguém queria pisar neste mundo contaminado.
Até agora tentei me colocar no lugar da Maia, para ganhar
sua confiança, seu respeito. Talvez seja hora de coloca-la em outro lugar.
Talvez estando na pele desse que tanto odeia possa, ao fim, compreender que
quem odeia na realidade é a si mesma.
Já sei quem é você: sou eu.
Os humanos se sentem entidades separadas dos demais, não sabem
que são parte de um todo, não sabem que o que veem no outro é o seu próprio
reflexo.
O que vejo em você não é você, sou eu. O que faço a você
faço a mim. A ferida que causo a você, causo em mim. Quando sinto ódio por você, não é você que
odeio, sou eu.
Odeio essa parte de mim que se reflete em você. Quando te
amo, amo esse que sou com seu amor. Quando cuido de você, também cuido de mim
mesmo. Se colidem mais os que mais
se parecem. Não é você quem rejeito e
agrado e sim é a mim mesmo.
Como se quisesse quebrar esse espelho no que ao te ver
horrível vejo espelhado o que odeio de mim.
Não é você a que não tem cura, sou eu que não pode te curar.
O que me dói deste planeta é a crueldade. A crueldade com os demais. Que é em
definitiva, crueldade consigo mesmo. Odeiam, desprezam e rejeitam porque se odeiam. Machucam porque não
podem curar suas próprias feridas. Aquele que odeia muito, se odeia muito. O
que ama muito, se ama muito.
A contrapartida da crueldade é a solidariedade, a empatia, o
amor pelo outro que é a melhor forma do amor a si mesmo.
Algo começa a mudar quando se compreende que não é somente
ao outro que se ama ou se odeia, e sim, além disso, a si mesmo. Não sou eu a
que pode te ajudar, é você. Tratar melhor os demais é uma forma de se tratar melhor.
Se preocupar por mim é se preocupar com você. NEM TUDO ESTÁ
PERDIDO.
Curar sua ferida é também deixar de machucar.
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