sexta-feira, 19 de julho de 2013

OFF Aliados: Capitulo 3 - A arca de Noah

(Por Inti)

Eu nasci e cresci no lado fogo do planeta Ípsilon Andromeda B, não conhecia a água, tinha medo dela, como acontece com tudo que é desconhecido.

Sou energia que cura e assim cheguei ao meu hóspede, curando-o de uma ferida mortal. Com Matías Arce, meu hóspede, temos um pacto de almas, ele me empresta seu corpo durante o tempo que durar a missão e eu, ao término da mesma, o devolverei curado. Porque isso é o que eu sei fazer, curar. Nunca imaginei que ao chegar à terra ia ficar doente.




Ele é o Franco, minha missão é curar-lhe uma ferida tão, mas tão profunda, que já não se vê.

Como curar quem não quer ser curado? Como ajudar quem teme ser ajudado? Como ajudar alguém que acredita que receber ajuda é sinal de fraqueza?

Às vezes para que algo mude é necessário agir. Às vezes para construir, primeiro há que destruir. Às vezes para que nasça um mundo novo é necessário acabar com o anterior.

Jamais, em toda minha existência, havia imaginado que ia acabar recorrendo a um objeto como este. O mal estar causado pelo gripe se tornou insuportável, então aceitei a ajuda, ainda que essa ajuda fosse uma estranha máquina de sol artificial.

Foi só então que eu entendi as palavras de Ian, eles só vão aceitar ajuda quando realmente precisarem.

Até o castelo mais sólido em algum momento se desmorona, e é aí quando o chão rachar que o orgulhoso príncipe clamará por ajuda.

Não é a exaustão o que leva a mudar, é a exaustão da exaustão. Não é antes nem depois e sim no momento exato, aí quando a água está chegando ao pescoço. Apenas quando passa o efeito da anestesia e se sente a dor mascarada, apenas aí, a raiva será angustia e a angustia será um pedido de ajuda. Não é antes, não é depois, será no momento exato, quando escapar da armadilha mortal da solidão seja mais seguro que ficar nela. Nem antes, nem depois, e sim no preciso instante em que o mundo cai sobre você, é quando se atreve a pedir ajuda. Não se pode atirar um salva-vidas a quem não sabe que está se afogando. Nem antes, nem depois, mas no exato instante em que precisam.

Quando é muita solidão para querer sair do isolamento? Quando é muito maltrato para querer terminar com ele? Quando é muito abuso para colocar um limite? Então, finalmente, quando os humanos tem uma necessidade profunda, estendem a mão e pedem ajuda. Chega o dia que até o mais orgulhoso pede ajuda.

Quando o dilúvio não cessa e a água cobre tudo, apenas aí os humanos clamam por um lugar na arca.

Viemos para este mundo ajudar, mas para isso primeiro temos que entender o conceito de ajuda. O que é ajudar? Ajudar não é dar ao outro o que ele acredita que precisa, e sim descobrir o que é que o outro realmente precisa. Ajudar é ser essa arca que salva o outro do naufrágio. Ajudar é ser esse lugar onde pode-se preservar o melhor da espécie.


Ajudar é dar isso que o outro precisa ainda que o outro não saiba que precisa. 

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