-Você é de Tigre e Banfield, e complicado dividir o coração?
-Não, porque quando um sobe o outro desce, ha. Sou de Tigre porque é do bairro e lá estão meus amigos; e de Banfield para acompanhar a decisão de meu pai. Gosto de quando estão na mesma categoria. Embora não seja super fanático desfruto de ver a quem a vida lhes passa por sua equipe e armam bandeiras, inventam cânticos e vão e cantam como se fosse um trabalho… Essa garra me emociona.
-Por isso você acompanha seus amigos a Tigre?
-Sim! Cada um tem sua loucura, juntas se potenciam e eu potencio a gozação. Sabe que o futebol é a melhor desculpa inventada para se juntar para compartilhar a picada e um vinho.
-Como viemos? Você gosta de vinho dentro do campo?
-Comoo? Claro que sim porque estou bem treinado, mas há dias que jogo bem e outros que me odio.
-Estilo definido?
-Bem Cani! Veja, também me dizem os demais e é uma hora; Me encantava a personalidade de Caniggia!
-Dá indicações?
-Fora do campo, nada, mas durante o jogo sim, todo o tempo: “Largue-a, toque, venha, traga...”.
-Uma onda como que bica o cérebro...
-Ha, ha, não, o que passa é que quando você joga com um profissional, como há alguns dias, que joguei com Matías Giménez, tudo é mais legal! O bom jogador te obriga a entrar em sintonia… Sabe o que acontece? Joguei muitíssimo rugby e tenho essa coisa de jogo em equipe e não me banco o egoísmo. Viu que sempre há alguém que se acha Maradona...?
-Então?
-É que há alguns morfados aos que há que lhes falar para que a larguem, senão depois se frustram e a passam menos porque se sentem inseguros e querem demonstrar que podem com tudo! Se trata de passar bem, desfrutar do jogo e relaxar porque quando isso passa, tudo sai melhor. Sou zero conflitivo e acredito que você traduz sua forma de viver no campo, não? Eu minimizo tido e assim vou jogando pela vida.
-Você falou do futebol amador, passemos aos morfados do futebol profissional…
-Ha, ha, o jogador argentino se caracteriza por ser camaleão, olha, também há o que faz coisas diferentes. E está o que quer fazer individualmente e se torna egoísta, pelo que eu sei, há jogadores como Garrafa Sánchez que faziam isso e lhes saia bem e a todos os amantes do futebol gostava de ver.
-Te doeu que Falcioni pedisse por Ervitti quando estava em Banfield?
-Não, porque estamos acostumados a que os bons jogadores partam, veja Palacio, Cruz, Zanetti...
-Gorosito teve um discurso super generoso sobre Arruabarrena e Cagna, coincidência?
-Nem falar! Banco Gorosito porque é de Victoria, ama Tigre e vai sofrer e lutar mais desde o coração que desde o profissional. É um grande avanço.
-Você vai aplicar o avanço tecnológico durante o jogo?
-E… Frente à dúvida de se foi ou não gol, gostaria de observar a multidão contida enquanto espera a decisão para ver se larga ou não o grito, mas bom, o digo como espectador e desde meu lugar de ator, não sei se funcionaria esportivamente… É que há tanto teatro!
-Teatro para o riso ou para o choro?
-Para a vergonha! Ha, ha. Quando você vê as caídas, como rodam e tapam a cara, te dá vontade de gritar: Venha trabajar na TV! No futebol de hoje se atia mais que em Dulce Amor... Digo, quando te dão no joelho te agarra o joelho, não a cabeça. Por isso Messi, a quem pegam muito, e como o fazia Diego, quando já não podem correr, os caras fazem o possível para não cair e seguir com a bola.
-E se mudarmos a essência do futebol argentino?
-Gritamos gol de meio-campo! Aqui tudo se controla tipo inchada, onda, que te bancamos e te fazemos a resistência, ou é de Telefe ou é do Canal 13; é de Ford ou é Chevrolet. O argentino é futebol 100 por cento, bem tribuneiro, gosta de fazer o firulete, o drible. Tem paixão, loucura, incoerência, talento, tudo é terrível, por tudo queremos nos matar, por tudo queremos lutar; enfim, se você quer ver como funciona a Argentina ajuda ver uma partida de futebol e já. Ou vai me dizer que não?

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